sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O Mito da Homossexualidade na Grécia Antiga

Texto baseado nos estudos de Henri-Iréné Marrou (1904-1977) e Robert Flacelière (1904-1982) 



A homossexualidade existiu e continuará a existir – e tem sido praticada em todas as sociedades, em todos os tempos, mas na Grécia Antiga, a homossexualidade nunca foi aceita com naturalidade. Esse fato pode ser comprovado estudando-se as fontes antigas, que são postas de lado ou maliciosamente ignoradas por aqueles que desejam associar o comportamento dos antigos gregos à certos fenômenos da vida moderna.

Destruindo o Mito do Paraíso Homossexual na Grécia Antiga

Primeiramente, vale mencionar que, apenas por uma estranha coincidência, todos aqueles (historiadores e antropólogos) que tentaram estabelecer alguma relação entre a homossexualidade e o helenismo, foram/são homossexuais eles próprios. Que coincidência! “Especialistas” em sexualidade helênica, como Walter Pater, Michel Foucalt, John Boswell, John Winkler e David Halperin, eram/são todos homossexuais que, obviamente, viveram suas fantasias sexuais às custas da história do povo grego. A razão, é claro, é simples: os helenos sempre foram tido como modelo ideal de civilização. Então o que seria melhor para justificar essa “natureza doentia” do que relacioná-la à grandeza da civilização helênica e, ao fazê-lo, legitimar o sexo entre iguais?

Como eram chamados os homossexuais na Grécia?

Na língua grega antiga, as palavras “homo/heterossexual” não existiam. Usava-se o termo “kinaidos” (kineo [mover] + aidos [vergonha]: “causador de vergonha”) para designar os homossexuais. Amplamente “kinaidos significa “aquele que traz a maldição de Aidos (deusa que pune as transgressões morais)”.

As leis

Aeschines“Kata Timarchou”, 21

Se qualquer Ateniense tiver um “etairese” (companheiro de mesmo sexo) a ele não será permitido:

1) tornar-se um dos nove arcontes;
2) nem desempenar o ofício de sacerdote;
3) nem agir como advogado para o estado;
4) nem deve manter qualquer tipo sequer de ofício, no lar ou fora, quer seja desempenhado por sorte ou eleição: ele não deve ser enviado como mensageiro;
5) ele não tomará parte em debate, nem estará presente em sacrifícios públicos;
6) e nem poderá entrar nos limites de um lugar que tenha sido purificado para a reunião de pessoas. Se qualquer homem for acusado de atividades sexuais ilegais contrárias a essas proibições, ele deverá ser morto.

Demóstenes“Kata Androtionos” (§ 30)

“... nem deve ter o direito de falar, nem de trazer uma queixa perante a corte.”

O historiador francês Henri-Iréné Marrou escreveu que “o próprio vocabulário da língua grega, bem como a legislação da maioria das cidades helênicas, atestam que a inversão (homossexualidade) jamais deixou de ser ali considerada como um fato ‘anormal’. (MARROU. H. I. História da educação na Antiguidade. São Paulo: EPU, 1975. p. 51.)

Conclusão:

As leis os privavam do direito de fazer parte de quaisquer atividades sociais, políticas e hieráticas. Eles se tornavam cidadão de classe baixa ou metoikos.

Em nenhum tempo ou lugar isso foi considerado um comportamento normal, ou foi permitido àqueles envolvidos nisso permanecer sem punição.

Além do mais, se alguém hoje em dia tentar estabelecer leis similares, será, no mínimo, caracterizado como fascista.

Atenas tinha as leis mais estritas quanto à homossexualidade do que qualquer democracia que já tenha existido. Na Esparta não-democrata, bem como na Creta democrata e no resto da Hélade, houve proibições e punições similares.

Intelectuais

Platão, em suas Leis, afirma categoricamente que: “... o homem não tocará outro homem para este propósito (sexo), já que isso é anti-natural...” e continua: “quando o homem se une à mulher para procriação, o prazer experimentado se deve à natureza (kata physin), mas é contrário à natureza (para physin) quando o homem se une ao homem, ou a mulher à mulher, e aqueles culpados de tais perversidades são impelidos por sua escravidão ao prazer, tanto que ninguém deve se aventurar a tocar qualquer um dos nobres ou cidadãos livres salvo sua própria esposa casada, nem semear qualquer semente profana e bastarda na fornicação, ou qualquer semente não-natural e estéril na sodomia – ou então nós deveremos inteiramente abolir o amor por homens”.

Em Fedro, Platão fala sobre como os homossexuais se preocupavam em ser descobertos: “... vós temeis a opinião pública, e temeis que as pessoas descubram vossos casos amorosos e assim sejais desgraçados.”

A criação do homem segundo Esopo

Esopo, escritor grego do século VI a.C., a quem são atribuídas diversas fábulas e historias populares, conta que, quando Zeus criou o ser humano e sua alma, intentou colocar-lhe todos os atributos. Porém, deixou a Vergonha (Aeschyne) de fora, já que não sabia onde colocá-la. Para solucionar o problema, Zeus ordenou-a: "Transponha o ânus." A Vergonha, por receber tal ordem, ficou extremamente irritada e, reclamando profusamente, disse: "Eu concordo em ser inserida dessa forma, mas se qualquer coisa for introduzida depois de mim, eu sairei!"

Moral da história: de hoje em diante, que todas as pessoas que sejam sexualmente inclinadas a esse método - coito anal - sejam então imorais (libertinas)!

Teatro

Uma visita ao Teatro era uma atividade comum na Grécia antiga. Desta maneira, através dos poetas comediantes, podemos visualizar a sociedade daquele tempo, já que eles também estavam expressando as opiniões das pessoas comuns.
Alguns frequentemente usavam paravras para descrever homossexuais, e nas performances das comédias eram “Euryproktos” (bunda aberta). Aristófanos os chamava de “Lakkoproktos” (bunda de poço). Eupolis os caracterizava como “Andróginos”, etc.
Se a homossexualidade fosse um fenômeno amplamente generalizado, isso significaria que os poetas e atores estariam sistematicamente chamando sua audiência de burra e a ofendendo.

Pintura de vasos

A pintura de vasos tem sido uma das fontes preferidas dos distorcedores da cultura grega. De dezenas de toneladas de vasos desenterrados até o momento (a contagem só para a província da Ática é de 80.000) apenas 30 têm uma temática abertamente homossexual; representando, em outras palavras, apenas.01% do total (127). É importante notar que desses poucos vasos, o comportamento homossexual direto era realizado apenas por Sátiros.

Os Sátiros eram criaturas conhecidas por sua personalidade degenerada. Desta forma, a homossexualidade era considerada altamente negativa e era oficialmente desprezada e rejeitada.

O resto dos vasos estão representando apenas indicações de práticas homossexuais, porque seus pintores tinham medo de ultrajes públicos e as subseqüentes conseqüências.

Como pode um número tão pequeno de apenas 0,1% levar a tais conclusões? Como eles ousam julgar uma cultura inteira com base em apenas um pequeno número de vasos? Quão lógico seria se nós fossemos julgamos apenas por filmes como “Brokeback Mountain”?

Mitologia

A mitologia grega não lida apenas com teologia, teurgia, heróis, titãs, deuses e mortais. O tema do amor também se fazia presente na mitologia. E quando olhamos para a enormidade da literatura, poesia e arte grega, por exemplo, é possível notar que, no que diz respeito à atração erótica, esta sempre se dá entre o homem e a mulher. O mesmo padrão permanece verdadeiro para a arte grega do período ninuano, micênico, arcaico, clássico até o helenístico. Tudo isso é uma grande quantidade de tempo, e a esmagadora maioria das esculturas, estatuetas, pinturas de parede, mosaicos e pinturas de vasos (algo como 99%) mostram homens e mulheres quando o assunto é amor erótico. Por exemplo, lembremo-nos de casais como:

Odisseu e Penélope
Criseis e Agamenon
Aquiles e Briseis
Heitor e Andromaca
Príamo e Hecuba
Alcino e Arete
Hércules e Djanira
Peleus e Tétis
Teseu e Ariadne
Ares e Afrodite
Perseu e Andrômeda
Zeus e Hera

Zeus, o deus supremo e governante do Olimpo, tinha incontáveis casos amorosos com deusas e mortais. Seu comportamento pode ser melhor descrito como másculo ou heterossexual ao extremo.

A mitologia grega não contém elementos homossexuais. O único mito com referência à homossexualidade era o de Laio. Um mito didático, que iguala a homossexualidade à maior tragédia e maldição da vida humana.

O mito é sobre Crísipo, que foi estuprado por Laio e então se suicidou devido à vergonha. Hera mandou a Esfinge a Tebas como punição. Outra punição por esse ato foi a morte de Laio pelas mãos de seu filho Édipo.

A questão levantada por esse mito é: por que Crísipo se mataria se o amor homossexual era uma prática aceitável? Por que Hera mandaria a Esfinge à cidade de Laio, Tebas, como punição pelo que seu rei fez se a homossexualidade não era considerada uma abominação? Uma abominação que foi também a causa principal da maldição da casa de Épido, que se abateria por uma família inteira de um modo trágico no futuro.

Todas boas questões, que levam a uma única conclusão: apesar de tais práticas ocorrerem, elas eram abominadas e severamente punidas pelos gregos quando descobertas.

E realmente surpreendente o quantia de esforços que os distorcedores da História investem para perverter fatos históricos. Sua mania em degradar e diminuir a História chegou ao ponto de quase toda pessoa mítica ou histórica se tornar um... homossexual.

O historiador francês Robert Flaciere fez a seguinte observação sobre a Ilíada:

“Mas, nem homens nem deuses, em Homero, são viciados na homossexualidade, a qual os poetas posteriores lhes atribuirão. É verdade que no livro XX da Ilíada há uma referência a Ganimedes, ‘que poderia ser tomado por um deus, sendo o mais belo dos mortais. Tal foi, certamente, a razão pela qual os deuses o levaram para o céu, para que ele pudesse servir a Zeus como escanção (encarregado de servir o vinho) e viver entre os imortais abençoados.’ Mas, para Homero, Ganimedes é um escanção e nada mais, não é o favorito de Zeus.”

Mais adiante Flacelière diz que “é possível que Homero, deliberadamente, tenha suprimido menções a um hábito que considerava deplorável.”

(FLACELIÈRE, R. Love in Ancient Greece. New York: Crown Publishers, Inc., 1962. p. 19 e 63)

Homossexualidade feminina

Ambos os termos “homo/heterossexual”, incluindo o lesbianismo, foram cunhados após o fiasco da teoria de Walter Pater. Sim, o mesmo Walter Pater homossexual mencionado anteriormente.

Walter é também o responsável por outra “teoria” totalmente nova, na qual o amor platônico não tinha nada a ver com a “psiquê” mas era totalmente baseado em atração física.

Então, a história do termo “lesbianismo” não é muito diferente. Conectada à grande poetisa Safo, esse “círculo” específico, conseguiu dar o significado de “homossexualidade” ao adjetivo “sáfico”, que era originalmente usado para descrever a forma e estilo de poesia apresentada por ela e, copiada por muitos poetas helênicos romanos posteriormente.

Mas por que a ilha de Lesbos?

A resposta está em Safo e nas insustentáveis teorias homossexuais ligadas a ela. Safo viveu no século 7 a.C. e era a maior poetisa do mundo antigo. Ela abriu em Lesbos uma escola para mulheres jovens, a quem ela ensinava poesia e música. Há mais do que o suficiente em textos que fornecem informações sobre sua vida.

Temos Ovídio, Atenaios e Suídas, entre outros, falando abertamente do grande amor dela por Faon. Sabemos que de fato ela era mãe e esposa e escreveu as “epithalamia”, “canções de matrimônio” que falam não de casos com lésbicas, mas da beleza de jovens garotas que iriam se tornar esposas e mães.

E como essa grande poetisa morreu?

Ela caiu de um despenhadeiro em Leukada, depois que seu grande amor, Faon, deixou-a. Sim, você leu corretamente, a “maior lésbica” do mundo suicidou-se pelo amor de um homem.

Conclusão

O mito da homossexualidade como prática generalizada na Grécia Antiga foi concebido e difundido por intelectuais degenerados cujo propósito era fundamentar suas práticas perversas.



Um comentário:

  1. E sempre vai ser uma pouca vergonha. Parabéns pelo texto e muito obrigado pelos esclarecimentos.

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