segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A "Bucha": Capítulo da Ordem dos Illuminati no Brasil?

Fachada da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo


A Ordo Illuminatorum (Ordem dos Iluminati), fundada por Adam Weishaupt, chegou ao Brasil?

Segundo os historiadores maçons A.Tenório D'Albuquerque e Brasil Bandecchi, o revolucionário alemão Júlio Frank, que no século XIX lecionou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, foi o responsável por trazer a Burschenschaft ao Brasil, onde é conhecida simplesmente por "Bucha". E para quem não sabe, a Burschenschaft é uma extensão turingiana da Ordo Illuminatorum.

A informação pode ser consultada nos seguintes livros:

BANDECCHI, B. A Bucha, a Maçonaria e o Espírito Liberal. São Paulo: Teixeira. 1978. p. 89.
D'ALBUQUERQUE, A. T. Sociedades Secretas. Rio de Janeiro: Aurora, 1970. p. 500.


Como surgiu a "Bucha"?

A Burschenschaft original surgiu em 1815, na cidade de Jena, no estado da Turíngia, Alemanha. Seus integrantes eram estudantes universitários que estavam diretamente ligados à Ordo Illuminatorum e às lojas maçônicas alemãs.


Como a "Bucha" se estabeleceu no Brasil?

Julio Frank passou no concurso para lecionar no Curso Anexo da Academia de São Paulo em 1834, ou seja, seis anos após sua chegada ao Brasil. Depois que entrou na Faculdade, Frank pôde dedicar boa parte de seu tempo à elaboração do rito da "Bucha" e iniciar o recrutamento de alunos.


Qual é o objetivo da "Bucha"?

O objetivo dos "bucheiros" (iniciados na Burchenchaft) é o mesmo que o dos "bonesmen" (iniciados na Skull & Bones) dos EUA e dos antigos "iluminaten" da Baviera: abrir caminho para o Governo Mundial (Nova Ordem Mundial). 


Como a "Bucha" pode ser a ramificação de uma Ordem extinta?

A Ordo Illuminatorum jamais deixou de existir pois, mesmo após o decreto de dissolução promulgado por Karl Theodor em 1785, seus integrantes continuaram atuando clandestinamente, fundando novas sociedades secretas, dentre as quais surgiu a Burschenschaft, e infiltrando-se se em diversas ordens maçônicas, sociedades literárias e grupos estudantis. 

Adam Weishaup escreveu: "Uma cobertura é sempre necessária, pois na ocultação reside grande parte da nossa força. É por isso que nós - illuminati - devemos sempre nos escondermos sob o nome de outra sociedade." (Die neuesten Arbeiten des Spartacus und Philo in dem Illuminaten-Orden, p.143.)


Qual a influência da "Bucha" no Brasil?

Diversos membros da "Bucha" tiveram enorme influência nos acontecimentos políticos ocorridos a partir do séc. XIX. Entre os 133 participantes da Convenção de Itu, em 1873, que resultou na criação do Partido Republicano Paulista, predominavam bucheiros como Campos Salles, Francisco Glicério, Américo de Campos e Rangel Pestana. Esses últimos foram, ao lado de Júlio de Mesquita, os fundadores do jornal O Estado de S. Paulo, que foi também uma espécie de órgão oficial da "Bucha". Consta que Júlio de Mesquita Filho foi "chaveiro" da "Bucha".

A famosa Comissão dos Cinco, encarregada de elaborar o anteprojeto da Constituição republicana, tinha entre seus membros três "bucheiros", Saldanha Marinho, Américo Brasiliense e Santos Werneck. Essa informação segundo Afonso Arinos de Melo Franco (também bucheiro e filho de bucheiro), na biografia que escreveu sobre o presidente Rodrigues Alves. Os três ministros civis mais proeminentes do governo provisório encabeçado pelo marechal Deodoro da Fonseca eram da "Bucha": Ruy Barbosa (Fazenda), Campos Salles (Justiça) e Quintino Bocaiúva (Negócios Estrangeiros). Além disso, também foram bucheiros na República do café com leite, os presidentes paulistas Prudente de Moraes, Campos Salles, Rodrigues Alves, Washington Luís e Júlio Prestes, eleito em 1930 e que não chegou a assumir, assim como os presidentes mineiros Afonso Pena, Wenceslau Braz e Arthur Bernardes.


A "Bucha" continua em atividade?

Bom, o professor Julio Frank disse: "Os que estiverem na Academia continuarão a obra de assistência; os que terminarem o curso terão nela uma sociedade de ex-alunos, tão útil, e se auxiliarão mutuamente através do tempo. E, ainda mais tarde, se quiser, poderá governar o país." 

--------------------------

Leitura recomendada:

CARVALHO, H. A herança liberal de Júlio Frank. Revista Problemas Brasileiros, São Paulo, n. 388, jul/ago 2008. Ano 46. 
BARROSO, G. A História Secreta do Brasil. Porto Alegre: Revisão, 1993.
DULLES, J. W. F. A Faculdade de Direito e a Resistência Anti-Vargas: 1938-1945. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
MOTOYAMA, S (org.). USP 70 Anos, São Paulo: EUSP, 2006. 

Um comentário: