quinta-feira, 26 de julho de 2012

Diálogo entre o profeta Muhammad e o abade Paulus

Certa vez, em um monastério nas terras de Sham (Síria), o jovem Muhammad, que mais tarde viria a se tornar profeta do Islã, foi questionado por um abade chamado Paulus:

- Então, Muhammad, agora já conheces verdadeiros cristãos. Comparaste a nossa doutrina com a dos judeus. Para qual das duas te sentes atraído: queres ser cristão ou judeu?

- Nenhum dos dois, confessou francamente Muhammad. O judaísmo foi maravilhoso, da maneira como foi iniciado. Mas então os homens perverteram-no, e agora estagnou, porque os tolos ainda esperam o Messias, em vez de reconhecerem que ele já peregrinou pela Terra. Agora o judaísmo nunca mais progredirá. Excluiu-se da própria vida.

- E o cristianismo? animava-o o abade, ao qual agradaram as ponderações do jovem. Como encaras o cristianismo?

- Seria a continuação do judaísmo, disse Muhammad meditando. Reconheceu o Messias, mas não fez desse reconhecimento o uso devido.

- Rapaz como tu entendes isso? perguntou o abade espantado.

Ele pôde escutar meio divertido, quando o jovem falou com menosprezo da doutrina dos judeus, mas como agora se referia de maneira idêntica ao cristianismo, não conseguiu mais calar-se. Muhammad replicou calmamente:

- Vós reconhecestes o Messias como Filho de Deus, que trouxe a salvação. Porém agora disputais sobre quem de vós o interpreta com mais precisão. Fazeis desse reconhecimento um assunto do raciocínio, em lugar de um assunto do espírito. Em vez de aspirar às alturas pela Verdade que ele trouxe, ficais parados no mesmo lugar e deixais a Verdade escapar pelas vossas mãos, até que ela se torne completamente vulgar.

Expressão e palavra não eram mais de uma criança.

Estupefato, o abade olhou para Muhammad, que ousou dizer-lhe tais coisas. Como isso era possível? Em nenhum instante lhe surgiu o pensamento de que Muhammad, sendo um enviado da Luz, estaria realmente em condições de trazer a ele, o inteligente abade, Luz e Verdade. Sentiu vontade de escutar mais, por isso perguntou-lhe:

Como imaginas a crença verdadeira, se repudias uniformemente o judaísmo e o cristianismo?

- Sobre isso já meditei muitas vezes, foi a resposta surpreendente. Devia-se fazer a tentativa de conseguir a transição entre o judaísmo e o cristianismo, porém espiritualizá-lo, porquanto a fé é uma atribuição do espírito e não do intelecto.

Perplexo, o abade fixou os olhos no seu interlocutor, não conseguindo quase mais segui-lo. Isso não vem de ti rapaz! exclamou. Quem te disse tudo isso? Quem te ensinou a pensar assim?

Isso surge em mim à noite, quando faço a minha prece, e eu o retenho porque sinto que é a Verdade. Logo que eu a tiver alcançado mais idade, então pedirei a Deus para ajudar-me a encontrar a verdadeira crença, que possa ser ensinada aos homens. Essa crença conterá então a força para conquistar o mundo e conduzirá todos os homens aos pés do Criador, em gratidão e veneração.

Comovido, o rapaz calou-se. O abade, no entanto, em vez de deixar atuar sobre si essa sabedoria, desejou saber:

- Com quem falaste sobre isso, Muhammad?

- És o primeiro, soou a resposta, mas agora estou arrependido por tê-lo feito, porquanto tu não recebes aquilo que eu disse no sentido como me foi dado. Sempre queres medir tudo pelo teu cristianismo, em vez de distinguir que Deus quer te oferecer aqui coisa melhor! Se, porém, durante a refeição não esvaziares bem a tua tigela de comida do dia anterior, como pode caber coisa nova nela?

(Dos registros akáshicos divulgados pela Ordem do Graal)

Nenhum comentário:

Postar um comentário