Após a leitura do documento que segue, pergunte-se: Eliphas Levi foi um doceta ou sustentava que Jesus teria sido um mito?
Eliphas Levi (Alphonse Louis) |
(Carta [LXXXV - 11/08/1862] endereçada ao Barão Spedalieri)
I.'. e A.'.
(...)
A concepção de Jesus Cristo está definida pelo símbolo: ele foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria. trata-se, no entanto, de uma realidade simbólica e dogmática. Quer saber mais: não sei se se trata de uma realidade histórica e cientifica. Por certo que não, de acordo com as regras tão simples que estabeleci em meus livros.
1. Tudo o que é de fé escapa à ciência.
2. Tudo o que é da ciência escapa à fé.
Não existe nenhum documento histórico sobre a pessoa de Jesus. As tradições a esse respeito são obscuras, contraditórias e suspeitas de ódio. O tipo tradicional de sua figura começa com as pinturas bizantinas, nos afrescos das catacumbas. Ele usa cabelo, barba e roupas à romana. A figura da Virgem Maria confunde-se com a imagem simbólica da Igreja. Mas é preciso lembrar aqui a grande palavra do evangelho: "A carne para nada serve; as palavras que eu vos disse são espírito e vida". (Jo VI: 64)
Em religião, o que deve ser evitado acima de tudo é o materialismo. O próprio Jesus Cristo não respondeu quando lhe perguntaram o que ele era: "Sou um principio que fala (principium qui et loquor vobis)" ."Quem são minha mãe e meus irmãos?" pergunta ele em outo lugar. Aqueles que melhor obedecem a Meu Pai são minha mãe, meus irmão e minhas irmãs. Queria ele, então, renegar sua família? Não, mas o autor do Evangelho quer fazer-nos compreender que a família de Cristo é tão simbólica quanto ele.
Vosso na Santa Ciência,
Eliphas Levi.
Vosso na Santa Ciência,
Eliphas Levi.
Fonte:
LEVI, E. Curso de Filosofia Oculta: Cartas ao Barão Spedalieri. São Paulo: Pensamento. 1993. p. 119.